terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sobre as estações, a música, o tempo e muitas neuras

                Saí de Fortaleza era noite, a noite mais longa da minha vida, tempo abafado, como noite de verão, calor tenso incômodo, angústia  abafada, chovia, mas por dentro, choro em silêncio sem lágrimas. Quando a insegurança encontra frestas a tristeza termina por colocar abaixo, portas, janelas, nada resiste, fragmenta se, uma dupla implacável, como vodca e suco de laranja, o chão falta sob os pés, sem perceber  mergulhou no mar gélido da desilusão, o horóscopo dizia que a cor era azul, mas tudo está vermelho. Não há raio de Sol, as manhãs atravessam você, tenho muito sono, dormiria dias, semanas ...o celular? Nunca sei onde deixo, além do mais está sempre desligado, esqueci de carregar. Mentira?! Não esqueço nada, o cheiro, as palavras, a rizada, as farpas trocadas na intimidade desnuda, escorpiano é assim, não esquece, será que foi fantasia?
                Não importa, não mais, estou na letra da música que baixei sem conhecer, só por que gosto da cantora, minha mãe usa uma música dela como toque do celular, gosto de apresentar coisas novas a minha mãe, ela opina sobre tudo. “Já é tarde, vou me embora (...) Eu vivo longe daqui, mas te tenho no meu coração. Se algo acontecer será tão bom” pode parecer meio adolescente, mas era isso, eu estava ali inteiro na sala ouvindo a música e fez todo sentido, pensando em como foi bom sentir tudo aquilo, me perder, semanas antes ouvi um amigo dessas pessoas espiritualizadas da voz calma que transmite paz e confiança até na forma de falar, ele disse que gostava muito do Chico Cesar, em especial da música ‘templo’, por que ela fazia referencia a compreensão do espíritas para os quais quem ama sempre perde, discordei em silêncio.
                 Anunciaram; é primavera, vi fotos dos ipês nas redes sociais, passou, senti quando ouvi o som da minha própria rizada, era a estridente gargalhada, minha tia adora, as vezes ela ri só por que gargalhei, assim sem saber o porquê, me surpreendi, era a primavera, sou eu rindo, é a vontade de rever os amigos, a inquietude, vontade de produzir algo relevante, eram as neuroses silenciadas, todas, são muitos carboidratos, proteína, ser feliz sempre deu fome.