terça-feira, 24 de novembro de 2015

Não há razão somente lama e lágrimas

   Não li sobre a tragédia de Mariana, não me informei dos por menores do atentado de Paris, não abri o jornal pra saber mais sobre a chacina aqui em Fortaleza. Escolhi a alienação! Vi as imagens pelas redes sociais se multiplicarem, links dos noticiários, vi as divergências e debates pobres sobre posicionamentos e críticas de uns contra os outros, li e também diagnostiquei mais uma vez, não há razão alguma nas ações humanas.
  Hegel acreditou que a sociedade e suas mudanças determinam e condicionam a razão, que razão? O que explica o horror, a violência? A lógica é a lógica do capital, pois acredite, alguém sempre ganha, o lucro permeia tudo, guerras, tragédias. O chinês Wang Jianlin talvez não conheça Hegel, mas ele segue uma lógica e determina as regras para a sociedade, em 2014 aumentou em US$ 17 bilhões o seu patrimônio, presidente e fundador do grupo imobiliário Dalian Wanda, passa assim de US$ 13,2 bilhões para US$ 30 bilhões, segundo revista econômica americana e as pessoas se perguntam é "O que faz alguém que ganha tanto dinheiro?", ela pensa em novas formas explorar a miséria de milhares de pessoas para ganhar mais dinheiro.
  A razão obedece a certas regras ou leis fundamentais que respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que são. Nós as respeitamos por que somos seres racionais e por que são princípios que garantem que a realidade é racional. Qual as regras do Capital? Fortaleza, Mariana, Paris respeitadas as devidas proporções sofrem as consequências do sistema, da política e uma sociedade onde o tudo é mensurado pelo capital, empresas financiam campanhas de políticos e estes financiados representam os interesses das mesmas, são órgãos fiscalizadores impedidos de realizarem seus trabalhos com lisura por pressão de partidos.
  O que nós chega pela mídia são as consequências da lógica do Capital, é como a lama que chegou ao mar essa semana, matou a vida no Rio Doce, só restou lamaçal que destruiu Mariana. Existe a lágrima nos olhos das mães dos garotos mortos em Messejana, meninos da periferia de uma cidade que devora a existência de milhares de outros garotos da periferia em silêncio. Já não existe a 'Cidade Luz', que habitava os meus sonhos como nos filmes, não há razão.


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